Lucas 6:40 “O discípulo não está acima do seu mestre; todoaquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.”

 

Lucas 6:40

“O discípulo não está acima do seu mestre;

todo aquele, porém, que for bem instruído

será como o seu mestre.”

de Dennis Downing

 

A Passagem

Dúvidas e Perguntas  

Interpretação

Aplicação

ANÁLISE DA PASSAGEM

Contexto

Contexto Histórico

Contexto Literário

Texto

Variantes

Palavras ou expressões chaves

Passagens Relevantes

Passagens Paralelas

Passagens Relevantes

INTERPRETAÇÃO

Commentários Consultados

Introdução

v. 6:40a   “O discípulo não está acima do seu mestre;

v. 6:40b  todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.”

CONCLUSÃO

APLICAÇÃO

ILUSTRAÇÕES

 


A Passagem            Lucas 6:40                                                                            

 Grego

ouk  estin  maqhthv    uper ton  didaskalon,

não   é      aprendiz  acima  o   mestre

 

kathrtismenov  de     pav  estai  wv   o   didaskalov autou.

preparado     porém  tudo  será  como o  mestre      dele.

 

Português

ARA “O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.”

NVI “O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre.”

BJ “Não existe discípulo superior ao mestre; todo o discípulo perfeito deverá ser como o mestre.”

VFL “Nenhum discípulo é mais importante do que o seu mestre mas, qualquer um, depois de bem treinado, será igual ao seu mestre.”

 

Observações Preliminares

– À primeira vista este perícope parece ser um ditado proverbial isolado. No entanto, ao examinar com mais cuidado percebemos uma ligação com o contexto imediato no sentido de pessoas ensinando ou influenciando, queira como professor/aluno ou como alguém corrigindo seu próximo. Vemos também que há uma ênfase no exemplo e na imitação, do apenas “parecer” e do verdadeiro “ser”.

– Embora um ditado semelhante aparece em outras passagens o ponto desta passagem parece diferente. Nas outras o ensino tem a ver com perseguição ou o exemplo de serviço humilde de Jesus. Aqui a ênfase parece estar mais no cuidado necessário com a nossa influencia em outras pessoas.

 

Dúvidas e Perguntas      

Interpretação

– Há alguma ligação com o contexto imediato?

– Quem é o aprendiz e quem é o mestre?

– Qual o ponto de Jesus sobre o discípulo não estando acima do mestre?

– O que significa ser “bem instruído” (katartizo)?

– Este ensino é absoluto ou há exceções?

 

Aplicação

– O relacionamento entre Cristãos pode ser de mestre/discípulo, ou só devemos nos preocupar em imitar o mestre Jesus?

– Se um relacionamento de mestre/discípulo pode existir entre Cristãos, até que ponto pode ir? Ou seja, até que ponto um discípulo deve tentar imitar outro?

– Nos relacionamentos entre discípulos em que fatalmente um Cristão mais maduro ou experiênte acaba influenciando outros, o que podemos fazer para tornar esta relação a mais saudável possível?

– Pessoalmente, o que é que cada um de nós deve tirar de aplicação própria desta passagem? Como é que eu posso ser um exemplo melhor e modelo para outros?

– Será que podemos melhorar o equilíbrio entre uma ênfase em conhecimento teórico e experiência prática na vida Cristã? Será que temos algo a melhorar naquilo que esperamos ver em nós mesmos e em outros para poder dizer “______ é um discípulo fiel.”?

ANÁLISE DA PASSAGEM

Contexto

Contexto Histórico

O contexto histórico é a “mensagem da planície”. Esta mensagem em Lucas corresponde em muito ao “sermão da montanha” ou “sermão do monte” de Mateus 5-7. No entanto há algumas diferenças notáveis entre as duas mensagens. A mensagem de Mateus é mais de três vezes mais extensa do que Lucas, incluindo material especialmente de interesse de pessoas de formação judaica. A mensagem de Lucas, no entanto, também inclui material ausente do sermão em Mateus como em Lc 6:24–26, 38–40.

 

Muitos intérpretes entendem que houve um trabalho editorial bastante extenso da parte tanto de Lucas como de Mateus e que o resultado deu nas diferenças entre as versões dos dois evangelhos. Esta é a posição de Marshall, Fitzmyer, Hendriksen e A.T. Robertson. Embora seja possível que Lucas e Mateus se referiam ao mesmo evento, ambos editando o que iam reportar, é também possível que Jesus ensinou algo muito parecido em ocasiões diferentes. Esta é a posição de Morris, Liefeld e Ash. Como Morris afirma “Os pregadores usualmente fazem uso da mesma matéria, ou de matéria semelhante, em sermões diferentes, especialmente se falam sem notas escritas. Este hábito dos pregadores parece ser uma explicação da combinação de semelhanças melhor do que a atividade editorial extensiva.”[1]

 

Contexto Literário

O contexto anterior (do cego guiando outro cego), dá a direção em que o Mestre quer que pensemos. Se nossas vidas não estão sendo vividas de acordo com os ensinamentos de Jesus, se nós não somos como ele, nós não podemos esperar que os “Cristãos” ao nosso redor sejam melhor. Eles irão imitar não só aquilo que falamos, mas, o nosso exemplo, inclusive os maus hábitos, falhas de caráter, e pecados.

Jesus agora volta-Se à responsabilidade que incumbe aos discípulos no sentido de fazerem mais discípulos. Ele emprega uma série de metáforas para ressaltar a importância de viverem no nível mais alto enquanto assim fazem.[2]

A advertência sobre o cego guiando o cego “É uma advertência acerca da liderança que os seguidores de Jesus exercerão. O cristão não pode ter esperança de servir como guia para outras pessoas a não ser que ele mesmo veja claramente para onde está indo. Se lhe faltar amor, não enxerga mesmo. Se alguém pessoalmente não conhecer o caminho da salvação, somente poderá guiar os outros à desgraça.”[3]

Versículos 39-40 introduzem a ilustração do argueiro e da trave encontrado em vv. 41-42 e antecipam a exposição expandida do relacionamento aluno-mestre em vv. 46-49. … A conclusão do sermão, vv. 46-49 reafirma a apresentação em vv. 39-40 sobre a responsabilidade mútua de mestre e aprendiz.[4]

 

Texto

Variantes Significantes

Não há variantes significantes.

 

Palavras chaves ou expressões importantes

 

“discípulo” mathetes (maqhthv, ou o))) pupilo, aluno, discípulo, aprendiz, aderente …[5]

– É tentador enxergar na escolha da palavra uma oposição deliberada ao sistema inteiro dos escribas. O talmid das escolas dos Rabinos é principalmente um aluno. Seu propósito maior é de dominar o conteúdo da Lei e a tradição oral. O produto final das escolas dos Rabinos eram peritos perspicazes e advogados competentes. A vida de um talmid como talmid consistiu no estudo das escritas sagradas, freqüência em aulas, e o debate de passagens ou casos difíceis. O discipulado como Jesus o concebeu não era uma disciplina teórica como esta, mas, um trabalho prático para o qual os homens foram chamados a se dedicarem com toda sua energia. Seu labor não era o estudo e sim a prática. Pescadores deviam tornar pescadores de homens, os camponeses seriam trabalhadores nas vinhas de Deus ou na colheita de Deus. E Jesus era o mestre deles, não tanto como um professor de doutrina correta, porem, mais como um mestre-artesão a quem eles deviam seguir e imitar. O discipulado não foi a matrícula num Colégio rabinico mas a vida de aprendiz na obra do Reino.

 

Pode ser acrescentado que há algo apropriado na escolha do termo “aprendiz” ao invés de “aluno” como nome para os discípulos de Jesus, quando nós lembramos que o próprio Mestre foi criado como um simples carpinteiro numa aldeia e a maioria dos seus discípulos trabalharam com suas mãos. [6]

 

“preparado” katartizo (katartizo) “tornar ajustado, completar” (cognato de artios), “é usado para se referir a consertar redes (Mt 4.21; Mc 1.19), e é traduzido em Gl 6.1 por ‘encaminhai’. Porém, não pressupõe necessariamente que ao que se refere tenha sido danificado, embora tal possa ocorrer, como nessas passagens; significa, antes, ordem e arranjo corretos (Hb 11.3, ‘feito’); ressalta o caminho do progresso, como em Mt 21.16; Lc 6.40 (cf. 2 Co 13.9; Ef 4.12), onde ocorrem os substantivos correspondentes. Indica a estreita relação entre caráter e destino (Rm 9.22, ‘preparados’).[7]

 

Passagens Relevantes

 

Passagens Paralelas

                                                                       

Mateus 10:24-25   O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo, acima do seu senhor.  Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?

João 13:16   Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.

João 15:20   Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.

 

Passagens relevantes

 

ARA Gên 1:26 Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

ARA 1 Cor 11:7 Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem.

ARA Rom 8:29 “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”

ARA 2 Cor 3:18 “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”

ARA 1 Cor 4:15-17 Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. 16 Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores. 17 Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda parte, ensino em cada igreja.

ARA 1 Cor 11:1 Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.

ARA Fil 3:17; 4:9  Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. … O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.

ARA 1 Tess 1:6 Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, 7 de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia.

ARA 2 Tess 3:7 pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós, 8 nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; 9 não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes.

ARA 1 Tim 4:12 Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.

ARA Tito 2:7 Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência,

ARA 1 Pedro 5:2 pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; 3 nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.

 

INTERPRETAÇÃO

Comentários Consultados

Ash, Anthony; Barklay, William; Barton, Bruce; Craddock, Fred B.; Danker, Frederick W.; Ellis, E. Earle; Fitzmeyer, Joseph A.; Hendriksen, William; Liefeld, Walter L.;  Marshall, I. Howard; Morris, Leon; Nolland, John; Reiling & Swellengrebel.

 

Introdução

Este é evidentemente um ditado proverbial. Como qualquer outro ditado proverbial não deve ser esperado que seja verdade em toda e qualquer situação. Como Robert Stein lembra “Provérbios não são ‘leis’, nem ‘promessas’. São observações gerais extraídas de um olhar sábio e cuidadoso dos fatos do dia-a-dia. … Ao interpretar essa forma de literatura, portanto, devemos estar atentos ao fato de que os provérbios funcionam como verdades gerais. As exceções não determinam que se refute a verdade de cada um.”[8]

 

Enquanto é verdade que o discípulo não esteja “acima do seu mestre” há situações em que isso ocorre. O apóstolo Paulo começou seu ministério orientado por Barnabé (Atos 9:27). No início, Lucas relatou o trabalho dos dois citando primeiro Barnabé (Atos 11:30; 12:25; 13:2, 7), mas, à partir de Atos 13:43 começamos a notar que Paulo é citado cada vez mais primeiro (veja 13:46, 50; 14:1). Embora Lucas troca a ordem outras vezes, fica evidente cada vez mais que o ministério de Paulo vai ultrapassar em muito o de Barnabé. Paulo também foi discípulo de Gamaliel. Do ponto de vista dos fariseus, pode até parecer que ele regrediu em relação ao velho mestre. Mas, no âmbito do Reino, é evidente que Paulo mais uma vez superou o alcance de seu velho professor. Portanto, o ditado, como todo provérbio em si, é verdadeira na maioria das vezes. No entanto, há exceções.

 

Hendriksen nota que em v. 39 Jesus evidentemente estava se referindo, de forma implícita, aos líderes religiosos como os Escribas, e seu ensino. “O povo não podia deixar de notar a diferença. Por isso Jesus agora explica o contraste: os escribas são cegos. Não podem propiciar luz porque, numa medida considerável, eles não honram a luz. Assemelham-se a um cego que está tentando guiar outro cego, com o resultado que ambos caem no buraco. … O que se subentende é que o povo não deve seguir esses guias cegos. E a outra implicação clara não é que os Doze — e talvez também outros; cf. Lucas 10.1 deveriam substituir esses guias cegos? Para fazer isso tinha que preparar-se para sua tarefa. Deviam ser humildes discípulos do maior de todos os Mestres.”[9]

 

Jesus alertou que nenhum mestre pode levar seus estudiosos além da fase que ele mesmo tenha alcançado. Esta é uma alerta dupla para nós. Na nossa aprendizagem nós devemos procurar somente o melhor professor, porque só ele pode nos levar o mais adiante; no nosso ensino devemos lembrar que não podemos ensinar o que não sabemos.[10]

 

v. 6:40a “O discípulo não está acima do seu mestre;

Em outras palavras, eu não consigo fazer discípulos daquilo (ou daquele) que eu mesmo não sou discípulo. Embora haja exceções, a maioria de nós não teremos vidas superiores àqueles que nos influenciam ou servem como nossos modelos. Também, aqueles que nós influenciamos não terão vidas superiores ou melhores ou mais maduros do que nós mesmos temos.

 

É natural que vamos imitar outros homens, mas, temos que ter uma força de vontade bastante firme de manter Jesus como nosso modelo. Através dEle podemos examinar os exemplos que vemos pela vida e tentar decidir se estas pessoas são de fato modelos dignos de imitação. No processo de “fazer” discípulos, verdadeiramente podemos dizer que “eu tenho que ser um para fazer um”.

Não devemos entender isto em termos da nossa própria situação, em que as bibliotecas e outras facilidades colocam possibilidades ilimitadas diante do estudante. Jesus está falando de um tempo em que o discípulo somente tinha seu rabino como sua fonte de informação. Alegar que estava acima do seu mestre era o máximo da presunção.[11]

 

É preciso lembrar-se que a maioria deles (os apóstolos) era composta de homens de bem pouca educação. Eles eram “iletrados e incultos” (At 4.13). Como, pois, seria possível que eles assumissem o lugar dos sábios escribas, homens exercitados na lei e nas tradições? Além disso, se a distância entre os Doze e os escribas era grande, o que dizer da distância incomensuravelmente maior que havia entre esses Doze e seu Mestre Jesus?

 

Com ternura e amor o Mestre então lhes assegura que, embora nunca pudessem superá-lo ou excedê-lo, uma plena preparação sob sua direção fará com que eles, se a recebessem, sejam como seu Mestre, ou seja, como ele, não em grau de conhecimento ou sabedoria, mas em que refletiriam de forma verdadeira sua imagem aos olhos do mundo, de modo que o povo instruído por eles começaria a dizer: Podemos notar que esses homens estiveram com Jesus (veja At 4.13).[12]

 

Se os versículos 39-40 forem tomados juntos (é possível que os dois versículos existiram separados e em outros contextos tinham outros significados), a mensagem seria uma alerta sobre aquela liderança que presume guiar outros em áreas que o líder ainda não pessoalmente compreendeu, creu, ou dominou. Discípulos que seguem tais líderes cegos e hipócritas não devem esperar ser diferentes.[13]

 

Nenhum aluno pode ver se seu mestre for cego; o ensino que ele recebe não o fará melhor que seu mestre.[14]

 

Visão clara é preciso no guia (o mestre); mas, desde que o aprendiz depende do mestre, a visão clara do segundo é tanto mais necessitado.[15]

 

v. 6:40b todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.”

Fomos criados na imagem e semelhança de Deus (Gen 1:26-27; 5:1; 1 Cor 11:7; Efé 4:24 (NVI)). Isto não diz respeito apenas à aparência, mas, também à natureza. Obviamente, há muito na natureza de Deus do qual o homem não compartilha e nunca compartilhou. No entanto, há facetas desta natureza que Deus quer que compartilhemos. De certa forma, o processo de fazer discípulos de Jesus, de fazer imitadores dele nos leva na direção de volta ao Jardim e a nossa natureza original, uma natureza semelhante com a de Deus. Paulo se refere a este conceito em Rom 8:29 “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” e 2 Cor 3:18 “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”

 

Jesus em Luc 6:40 está apenas se referindo a um aspecto conhecido dos seres criados – eles tendem a imitar um ao outro. Neste processo de imitação eles se tornam semelhantes àquele que estão imitando. Este é o processo do discipulado. Se podemos fazer com que aquele que imitemos seja o Cristo, naturalmente nós nos tornaremos parecidos com Ele, que é o alvo de Deus, que voltemos à imagem e semelhança dEle.

 

O seguidor de Jesus deve fazer da semelhança a Ele (Jesus) seu alvo.[16]

 

O exemplo foi um grande fator na pedagogia (daquela época), e a imitação de um mestre foi o modo básico da aprendizagem. Muitos textos do Novo Testamento sustentam este entendimento da relação mestre-aluno (Atos 20:17–35; 1 Cor. 4:15–17; 11:1; Fil. 3:17; Tito 2:7) … Lucas não está dizendo que as imperfeições desqualificam um líder. Ao contrário, o ponto de Lucas é de que o fator que desqualifica não é falhas, mas, cegueira quanto as próprias falhas, a recusa de se auto-avaliar e ser honesto consigo mesmo.[17]

 

Enquanto não é enfatizado, a relação mestre/discípulo é presumido a ser um em que o mestre não transmita só um corpo de informação, mas, ensina o discípulo a ser como pessoa aquilo que o mestre já é.[18]

 

CONCLUSÃO

Nosso alvo não é conhecimento bíblico nem a restauração da igreja. Estas coisas são boas e podem ajudar a alcançar o nosso alvo. Elas certamente farão parte do processo de chegar ao alvo. Mas, nosso verdadeiro objetivo é de ser imitadores fiéis do Mestre Jesus e de levar outros a imitarem Ele também.

 

APLICAÇÃO

Todos que exercem um papel de influencia maior na igreja, ou por causa do seu carisma natural, ou por causa do seu dom ou papel, precisam se esforçar diligentemente para ser, cada um, um imitador fiel do Senhor. Antes de pregar ou ensinar ou corrigir ou liderar, temos que aprofundar nosso relacionamento pessoal com o Senhor. Eu não posso ser como  Jesus se eu apenas sei coisas sobre Ele. Eu preciso conhecer Ele pessoalmente e ter um relacionamento bem aprofundado com Ele mesmo.

 

Sugestões para evitar problemas na relação aluno/professor:

É bom que mais de um líder ou irmão mais maduro esteja envolvido em qualquer processo de influenciar outros, quer seja um acompanhamento pessoal de outros discípulos realizado regularmente, ou até aulas e ensino geral na igreja. A presença de outros exemplos a imitar ajudaria a corrigir as falhas no nosso exemplo. Neste processo, seria importante cada um estar pronto para reconhecer suas falhas e erros quando um discípulo mais novo chamar a nossa atenção. Caso contrário, a tendência é confundir eles quanto ao exemplo certo a imitar.

 

Precisamos nos perguntar, quem está ensinando, Jesus ou “Dennis”? Há uma necessidade de vigilância constante naquilo que ensinamos para ter certeza de que é realmente a vontade de Deus e não a nossa.

 

Veja o livro “As 7 Leis Do Aprendizado” de Bruce Wilkinson, Venda Nova, MG: Editora Betânia, 1998.

 

ILUSTRAÇÕES

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações.” – Mateus 28.19.

Jesus Cristo não disse: “Ide e salvai almas” (a salvação é obra sobrenatural de Deus), mas: “Ide, fazei discípulos de todas as nações”; e ninguém pode fazer discípulos a menos que ele mesmo seja discípulo. Quando os discípulos voltaram de sua primeira missão, estavam cheios de alegria porque os demônios se submetiam a eles, e Jesus disse: “Não se alegrem pelo êxito obtido no serviço; o grande segredo da alegria consiste em vocês estarem corretamente relacionados comigo.” A necessidade básica do missionário é que ele permaneça fiel ao chamado de Deus e compreenda que seu único objetivo é fazer discípulos para Jesus. Existe um anseio de ganhar almas que não tem origem em Deus, mas no desejo de conquistar pessoas para o nosso ponto de vista. O desafio do missionário não é a dificuldade de levar as pessoas à salvação ou de recuperar as que estão afastadas da igreja, nem o problema dos corações endurecidos, e, sim o seu próprio relacionamento pessoal com Jesus Cristo.[19]

 

Como meu amigo Valdimário certa vez lembrou, temos que entender a diferença entre “formar” e “informar”. Para ser formado, precisa informar. Mas, nem todo mundo que está informado é formado na imagem de Cristo.  Nosso objetivo não é “informação” e sim “transformação”.

 

“Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos.” (Filipenses 3:10 NVI) O alvo de Paulo não foi de conhecer a igreja ou a Bíblia, e sim a Cristo. Os primeiros dois podem ajudar em chegar ao terceiro, mas, eles, em si e por si só, não são o alvo. Cristo é o nosso alvo.

 

Sua vida é Jesus para alguém.

Sua VIDA é Jesus para alguém,

Por mais fraca e falha que possa ser.

Apesar de ser cheio de erros,

Você é tudo de Deus que alguém vai ver.

 

Sua LINGUA é Jesus para alguém.

Aquela palavra amarga de dor

Falará a um coração sensível

Talvez tudo que ela ouvirá do Senhor.

 

Seus ALVOS são Jesus para alguém.

O que você tiver em primeiro lugar

São para ele os alvos de um Cristão,

São esses que um dia ele vai procurar.

 

Sua FIDELIDADE – isto para alguém é Jesus.

Se Ele é fiel em tudo ou não

Depende do dia após dia, da perseverança

Que há em você e em seu coração.

 

Seu AMOR é Jesus para alguém,

Para aquela que está precisando saber

Se Jesus realmente irá atrás dela

Seja quão longe ela estiver.

 

Cuidado para que alguém não blasfeme Deus

Eles vão descobrir o que você é.

E o único Jesus que alguns vão ver

É o Jesus que conhecem através de você.[20]

 

 



[1]Morris, Leon L., Lucas,  São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1974, pp. 119-20.

[2]Morris, Leon L., Lucas,  São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1974, p. 126.

[3] Morris, Leon L., Lucas,  Idem, p. 126.

[4] Danker, Frederick W. Jesus and the New Age, A Commentary on St. Luke’s Gospel, Philadelphia: Fortress Press, 1988, p. 153.

[5] Gingrich, F. Wilbur e Frederick W. Danker, Léxico do Novo Testamento Grego / Português, São Paulo: Edições Vida Nova, 1983, tradução Júlio P.T. Zabateiro, p. 129.

[6] Manson, T.W., The Teaching of Jesus, London: Cambridge University Press, 1963, pp. 239-40.

[7] Vine, W.E., Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine, tradução Luís Aron de Macedo, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2002, p. 406.

[8]Stein, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia, Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp. 91 e 93.

[9] Hendriksen, William Lucas São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, Vol. 1, p. 486.

[10]Barclay William, The Gospel of Luke. The Daily study Bible series, Rev. ed. Philadelphia: The Westminster Press, 2000, c1975.

[11]Morris, Leon L., Lucas,  Idem, p. 126.

[12]Hendriksen, William Lucas São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, Vol. 1, p. 487.

[13]Craddock, Fred B. Luke, Louisville: John Knox Press, 1990, p. 92.

[14]Marshall, I. Howard The Gospel of Luke, Grand Rapids: Eerdmans, 1978, p. 269.

[15]Fitzmeyer, Joseph A. The Gospel According to Luke, New York: Doubleday, the Anchor Bible, 1981 Vol. 1, p. 642.

[16]Morris, Leon L., Lucas,  Idem, p. 126.

[17]Craddock, Fred B. Luke, Louisville: John Knox Press, 1990, p. 92.

[18]Nolland, John. Vol. 35A, Word Biblical Commentary : Luke 1:1-9:20. Word Biblical Commentary, Page 307. Dallas: Word, Incorporated, 2002.

[19] Chambers, Oswald, meditação de 27 de Outubro em “Tudo Para Ele” Belo Horizonte: Editora Betânia, 1988.

[20] – adaptado de “Your Life is Jesus to Someone” (Sua Vida É Jesus Para Alguém) de Lola Conley’s Devotion

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