O Fiel Despenseiro

de Dennis Downing

O uso do dinheiro da Igreja e a necessidade de prestar contas.

A nossa era tem sido chamado a era do “consumismo selvagem” e da “vida descartável.” Estes rótulos de certa forma são justificadas. Talvez nunca antes na história humana houve tanto consumo de coisas desnecessárias e uso de bens ou matérias de vida curta. Desde as mudanças constantes na moda do vestuário e dos calçados até a música e artes, são lançadas semanalmente senão diariamente novas tendências, novos produtos, novidades de todas as espécies que nos incentivam a descartar o que era bom e útil para comprar o que é mais novo e “melhor”.

* Numa única geração passamos por este processo na reprodução de música: Radio – discos de vinil – fita K7 – CD. O velho radiola cedeu para os toca-discos que foi descartada pela fita K7 que foi superada pelo CD. Quantos bilhões de reais não foram para o lixo, não porque o velho disco de vinil não servia ou apodrecia, mas porque algo “novo,” algo “melhor” chegou.

Precisamos ser bons despenseiros em várias áreas nas nossas vidas. O irmão ou irmã que recebe dinheiro da Igreja para utilizar em algum serviço ou área da Igreja precisa fazer tudo possível para que aquele dinheiro seja usado da forma mais responsável e eficiente. Ao mesmo tempo, todos nós recebemos tudo que temos, inclusive nossos salários e gratificações, pela bondade de Deus. Tudo que temos vem do Senhor e portanto devemos zelar para que as bênçãos, monetárias e materiais que são confiadas a nós sejam usadas da melhor forma possível.

Alguns princípios bíblicos sobre nossa responsabilidade para com os recursos:

1. Deus exigirá uma prestação de contas daqueles que aceitam seus recursos e a responsabilidade que vem com eles. Ele exigirá que haja resultados concretos pelo uso daqueles recursos.
“Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos.” – Mat 18:23
Na segunda de três parábolas sobre “o reino dos céus” (Mat 25:1) em Mateus 25 Jesus conta a história do senhor que deu talentos a três servos. “Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.” – Mat 25:19

2. Deus quer resultados concretos pelo uso dos recursos que Ele coloca à disposição dos seus servos.
·Na parábola dos lavradores maus, o dono da vinha “enviou os seus servos aos lavradores, para receber os frutos que lhe tocavam.” Mat 21:34
·No Evangelho de Lucas, diz “Então, chamou dez dos seus servos e lhes deu dez minas. Disse ele: ‘Ponham esse dinheiro para render até que eu volte.” – Lucas 19:13 (NVI)

Qualquer pessoa ou grupo de pessoas dentro da Igreja que pretende usar os recursos do Senhor precisa lembrar que o Senhor quer resultados concretos. Deus não se agrada apenas com a busca pelo perdido. Ele se agrada com o perdido achado.
·“Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?” – Luc 15:4
·“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?” – Luc 15:8

Programas ou obras da Igreja que divulgam a palavra do Senhor são bons e necessários. Mas, o critério fundamental de avaliação, no final das contas tem que ser – Pessoas perdidas estão se convertendo? Se um programa ou obra gasta R$10,000 e resulta em cinco convertidos, devemos ficar felizes por aqueles cinco convertidos. Mas, se um outro esforço como grupos de bairro ou evangelismo pessoal pode atingir o mesmo número de convertidos sem gastar dinheiro nenhum, ou com investimento mínimo, aonde é que devemos investir nossos esforços? Aqueles R$10,000 poderiam ser usados para ampliar o prédio da Igreja, numa obra missionária para uma cidade que nem igreja tem, ou em fornecendo soluções duradouras para irmãos necessitados, tanto em Recife com no interior.

3. Quando pensamos em fazer mais na Igreja, a tendência é geralmente pensar em gastar mais. Mas, há duas maneiras de aumentar, ampliar ou melhorar as obras da Igreja.
a. Podemos arrecadar mais para ter mais dinheiro em caixa para gastar.
b. Podemos ser disciplinados e bons despenseiros dos recursos que Deus nos deu e aprender a usar melhor os recursos que já temos.

Nada impede a Igreja de crescer na sua oferta. De fato, esperamos que, com um aumento no número de membros, amadurecimento espiritual e o melhoramento da situação financeira tanto do pais como dos membros que haja um aumento correspondente na oferta. Mas, isto não nos desculpa da responsabilidade de sermos bons despenseiros dos recursos que já temos. 

Ninguém precisa estar roubando o dinheiro da Igreja para estar abusando da sua responsabilidade. O uso do dinheiro do Senhor de forma irresponsável, indisciplinado, ou improdutivo é um uso mau do dinheiro do Senhor. A aplicação do dinheiro do Senhor em obras dispendiosas sem uma avaliação objetiva dos resultados é um uso mau do dinheiro do Senhor.

“O que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.” – 1 Cor 4:2 Embora o contexto é o ministério de Paulo e a propagação do Evangelho, ele estabelece um princípio geral que tem aplicação em várias áreas da vida Cristã. O que se requer, justamente, de um despenseiro, um administrador, é que ele seja fiel à responsabilidade que assumiu para com os recursos colocados à sua disposição.

4. Deve sempre ser avaliado se gastos propostos são reamentenecessários. Sempre que um membro, um grupo de membros, ou uma área da Igreja apresentar um projeto ou plano que inclui gastos dos recursos da Igreja, o membro ou o grupo apresentando o projeto deve ser o primeiro a se responsabilizar para avaliar o projeto para ver se os gastos sãorealmente necessários. Precisa ser avaliada também se há alternativas para cada gasto.

Jesus nem sempre atendeu os pedidos dos seus discípulos. De fato ele mostrou que, às vezes, ele poderia dar uma grande lição obrigando-os a procurar outras soluções para as necessidades que enfrentaram.

– Quando os discípulos pediram que Jesus mandasse a multidão embora porque não tinham como alimentá-los a resposta do mestre foi surpreendente: “Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, de comer.” (Mat 14:16) Posteriormente, Jesus os alimentou, mas ele queria primeiro que seus discípulos aprendessem uma lição sobre fé.

– Quando Jesus enviou os discípulos na sua primeira missão, ele os obrigou a irem de mãos vazios. “Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.” – Mat 10:9-10. Vemos outra vez em que Jesus queria dar uma grande lição de fé a seus discípulos, negando-lhes as coisas mais básicas da sobrevivência. Mas, também ele certamente visava levá-los a procurarem contato com pessoas dignas que iriam ajudá-los com suas necessidades. Esta procura que, por falta de recursos eles foram obrigados a fazer iria abrir portas para o Evangelho que de outra forma não seriam abertas porque os discípulos não precisariam pedir ajuda (veja v. 11).

Será que, às vezes, por fornecer recursos e meios em abundância, por tentar suprir e responder a cada pedido, nós não estamos privando os irmãos de oportunidades de evangelizar ou de edificar uns aos outros? Será que não temos chegado a um ponto em que pensamos que não conseguimos edificar os irmãos ou evangelizar os perdidos sem gastar dinheiro? Devemos parar e refletir sobre o quanto Jesus gastou na sua missão de três anos no qual ele conseguiu fundar a Igreja e semear uma obra que iria transformar o mundo todo. Devemos nos perguntar se não estamos ignorando meios mais simples e diretos de divulgar o evangelho (mas que obrigam todos a se envolverem diretamente) para buscar meios indiretos, caros e que podem levar muitos a pensarem que sua participação não é necessária ou válida.

Soluções Individuais:
1.Não comprar no crediário ou financiado. O Crediário é o banco dos apressados. Se não tiver o dinheiro, espere, e compre a vista. 
2.“Aniversário do Bom Despenseiro” Peça às pessoas lhe darem presentes que você poderia dar aos necessitados.
3.Manter alguns alimentos não-perecíveis em casa para doar.
4.Manter alguns alimentos não-perecíveis no seu carro para doar.
5.Comprar bens em conjunto. (Bio e Samuel precisavam de um computador. Compraram um em conjunto. Fica na casa de dona Edite e ambos usam.)
6.Não desperdiçar nada que possa ser usada por outro irmão. Doar computador ou eletrodoméstico usado para irmãos mais necessitados.
7. 

Soluções congregacionais:
1.Buscar alternativas para levantar recursos.
2.Buscar alternativas para suprir necessidades 
·concertando um bem velho ou quebrado (cadeira ou arquivo quebrado) 
·diminuindo os gastos (apagando as luzes em salas desocupadas, bloqueando o telefone)
·buscar alternativas para suprir a necessidade (doações de membros ou da comunidade, venda de alimentos depois do culto em cantina).

Processo para avaliar gastos:
1.Eu realmente preciso deste bem ou produto?
2.Nosso ministério vai acabar sem este recurso? Ou, será que temos outros meios para o mesmo fim?
3.O bem ou recurso vai fazer quanta falta se eu não comprar?
4.O bem ou recurso vai me ajudar no meu serviço ao Senhor e aos outros?
5.Há alguma alternativa para esta compra? (usar um modelo mais antigo, consertar um quebrado, etc.)
6.Eu tenho outro bem ou produto similar? Eu estou realmente usando ele ao máximo? (programas de computador, fita de vídeo, fita e CD de música, roupa, calçados, artigos de decoração, etc.)

* Gandhi, uma vez subindo num trem partindo da estação perdeu seu chinelo. Prontamente ele jogou o outro atrás. Quando um jornalista perguntou por que, ele disse “O que eu perdi não me serve mais, nem serve aquele que achar. Vou deixar um par inteiro para quem achar usar bem.”

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