Avistando a Nova Terra
de Max Lucado
Passávamos uma semana de férias no Colorado, e nossa família juntou-se a várias outras pessoas para subir ao topo de uma montanha de 14 mil pés de altura. Nós a escalaríamos da maneira mais fácil, dirigindo até onde fosse possível e cumprindo a trilha final a pé. Vocês, bons colegas andarilhos, teriam ficado aborrecidos. Mas, para uma família com três pequenas garotas, era quase tudo que podíamos fazer.
A jornada foi tão bela quanto cansativa. Fui coagido a lembrar como o ar era leve, fino, ao contrário da minha cintura.
Nossa filha Sara, de quatro anos, teve sua dificuldade duplicada. Uma queda logo nos primeiros minutos deixou-a com o joelho esfolado e, conseqüentemente, com problemas para caminhar. Ela não quis andar. Na verdade, recusou-se a fazê-lo. Queria uma carona. Primeiro em minhas costas, depois nos braços da mãe, de volta às minhas costas, então nas costas de um amigo, nos braços da mãe… bem, você já entendeu.
Na verdade, sabemos como ela se sentiu. Você também tem caído e pedido ajuda, e também tem recebido.
Todos nós precisamos de auxílio algumas vezes. Esta jornada é íngreme, e alguns desistem dela.
Alguns param de escalar. Outros apenas sentam. Ainda estão perto da trilha, porém não estão nela. Não abandonam a viagem, mas não continuam. Não descem do cavalo, porém não o estimulam a andar. Não renunciam, e também demoram a se decidir.
Apenas pararam de andar. Muito tempo é gasto em volta da fogueira, falando sobre como as coisas costumavam ser. Alguns permanecem sentados no mesmo lugar durante anos. Eles não mudarão. As orações não se aprofundarão. A devoção e a paixão não irão aumentar.
Alguns tornam-se até cínicos. Desdenham do viajante que os animam a prosseguir a jornada. Afligem o profeta que os desafia a ver a montanha. Afligem o explorador que os relembra seu chamado… peregrinos não são bem-vindos aqui.
Assim, o peregrino desloca-se junto com o fazendeiro.
Muda para a mesma monotonia.
Muda por segurança.
Muda para o banco de areia.
Espero que você não faça isso. Em caso afirmativo, porém, espero que não desdenhe o peregrino que o chama de volta à jornada.
Vale a pena continuar caminhando.
Enquanto tentava inutilmente convencer Sara a andar, eu procurava descrever o que estávamos para ver.
– Será tão lindo – eu dizia a ela. – Você verá todas as montanhas, o céu, as árvores.
Não deu certo. Ela queria ser carregada.
De qualquer modo, ainda era uma boa idéia. Mesmo que não desse certo. Nada impulsiona uma jornada como a visão do topo da montanha.
A propósito, um grande cenário também aguarda você. O escritor hebreu dá-nos uma parte da Geografia Celestial. Vejam como ele descreve o topo da montanha de Sião. Ele diz que, ao alcançarmos a montanha, teremos chegado à “cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (Hb 12.22-24).
Que montanha! Não será ótimo conhecer os anjos? Finalmente ver como se parecem e quem são? Ouvi-los contar os momentos que estiveram ao nosso lado, até mesmo em nossas casas?
Imagine o encontro dos primogênitos. A reunião de todos os filhos de Deus. Sem ciúmes. Competição. Divisão. Precipitação. Seremos perfeitos… puros. Não haverá mais erros, pecados. A cobiça cessará. Fofocas serão silenciadas. O rancor será extirpado para sempre.
E, imagine ver Deus. Finalmente olhar a face de nosso Pai. Sentir o olhar de Deus para você. Isto nunca mais terá fim.
Ele cumprirá sua promessa. Eis que faço novas todas as coisas, Ele prometeu. Limparei de seus olhos toda lágrima. Restaurarei o sorriso apagado pela dor. Tocarei novamente as sinfonias não ouvidas pelos surdos e o pôr-do-sol nunca visto pelos cegos.
Os mudos cantarão. O pobre será farto. As feridas, saradas.
Farei novas todas as coisas. Restaurarei todas as coisas. As crianças atingidas por doenças correrão para os seus braços. A liberdade perdida pela opressão dançará em seu coração. A paz de um coração puro será o meu presente para você.
Farei novas todas as coisas. Nova esperança. Nova fé. E, mais do que tudo, novo amor 0 amor do qual todos os amores falam. O amor diante do qual todos os amores perdem o brilha O amor que você tem procurado em centenas de portas, em centenas de noites.., este amor vindo de mim, será seu.
Que montanha! Jesus estará lá. Você anseia vê-lo, e final-mente o fará. E interessante a descrição do que veremos. O escritor não menciona a face de Jesus, conquanto a veremos. Não se refere à voz de Jesus, conquanto será ouvida. Ele menciona algo de Jesus que a maioria de nós jamais pensaria ver. O sangue de Jesus. O sangue carmesim derramado na cruz. O líquido de vida que saiu de sua fronte, de suas mãos, do seu lado.
O sangue humano do Cristo divino. Cobrindo nossos pecados.
Proclamando a mensagem: Fomos comprados e jamais poderemos ser vendidos.
Que momento! Que montanha!
Acredite-me quando digo que valerá a pena. Nenhum custo é muito alto. Se você precisa pagar o preço, faça-o. Nenhum sacrifício é grande demais. Caso precise deixar a bagagem no caminho, faça-o! Nenhuma perda pode ser comparada. Prossiga a qualquer custo!Pelo amor de Deus, prossiga!
Valerá a pena, asseguro-lhe. Ao avistar o topo, a dor da trilha será justificada.
A propósito, nosso grupo finalmente subiu a montanha. Ficamos mais ou menos uma hora no topo, tirando fotos e apreciando a vista. Mais tarde, no caminho de volta, ouvi a pequena Sara exclamar orgulhosa:
– Consegui!
Eu ri. Não você, pensei. Sua mãe e eu a carregamos. Amigos e familiares a ajudaram subir esta montanha. Você não fez nada.
Mas eu não disse qualquer palavra, pois tenho recebido o mesmo tratamento. Assim como você. Podemos pensar que estamos escalando, mas estamos pegando uma carona. Uma carona nas costas do Pai, o qual deseja que caminhemos em direção ao Lar. O Pai que não fica nervoso quando cansamos.
Além do mais, Ele sabe o que é escalar uma montanha.
Ele escalou uma por nós.
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Extraído do livro “Quando Deus Sussurra O Seu Nome” de Max Lucado, Copyright © 1997 Editora CPAD. Todos os direitos reservados.